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ARTIGO – Deficiência histórica exige respostas urgentes

06
dez

O Espírito Santo, e o Brasil como um todo, possuem deficiências em infraestrutura que são velhas conhecidas de integrantes de todos os setores na nossa economia: dependência exagerada do modal rodoviário, qualidade ruim das estradas e deficiências de aeroportos regionais, entre tantos outros. Mas no caso do nosso Estado especificamente, entender o problema exige um estudo da história local.

Os problemas de infraestrutura do Espírito Santo são tão antigos quanto o próprio estado. Começam no nosso período colonial, quando ficamos isolados por cerca de três séculos, graças à proibição de construção de estradas que ligassem o litoral ao restante da capitania hereditária, entregue a Vasco Fernandes Coutinho, pela região mais montanhosa e com densa Mata Atlântica. Hoje, esse território integra os estados de Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo, entre outros.

A falta de portos foi sentida pela primeira vez durante o ciclo da cana de açúcar, quando a produção concentrada no norte do Estado não tinha vias de escoamento e enviar a cana para outros estados encarecia e diminuía a qualidade do que era produzido.

Durante o ciclo do café, uma nova dificuldade: viabilizar a construção de novas estradas, mesmo com a pouca produção. O tempo mostrou que isso era impossível.

Com pouca produção econômica, a população era pequena e não havia trabalhadores suficientes para essas obras de infraestrutura. Se hoje elas demandam grande quantidade de trabalhadores, imagine há alguns séculos?

A virada do Espírito Santo só começou no governo de Muniz Freire, no fim do século XIX, com uma ideia tão atual que deveria ser de governantes e gestores até hoje: o pensamento no todo. Foi assim que ele concebeu o plano de desenvolvimento que incluiu o sistema ferroviário-urbano-portuário de Vitória, além de uma série de melhorias necessárias para o cidadão. Em termos históricos, o desenvolvimento capixaba é muito recente.

Atualmente, temos muitos entraves, alguns fachos de esperança para o futuro e outras tantas frustrações. O pensamento macro, diferencial do governo Muniz Freire, parece cada vez mais distante de gestores públicos, basta ver o crescimento desordenado das nossas cidades, o que gera uma série de gargalos.

Além disso, vivemos um dos anos eleitorais mais indefinidos de que se tem notícia desde a redemocratização do País. Sem propostas concretas, o mercado se retrai, esperando por uma indicação mais precisa dos rumos que o Brasil tomará a partir de 2019.

O que deveria ser uma medida de incentivo ao desenvolvimento portuário brasileiro, o Decreto dos Portos, assinado pelo presidente Michel Temer em 2017, se tornou mais um caso de corrupção envolvendo políticos brasileiros e viu as melhorias previstas ficarem em segundo plano.

Em 2018, foi anunciado o Plano Nacional de Logística, com medidas que podem favorecer a todos os setores, não só os portos. Entre elas, está a realização de obras através de parcerias público-privadas, um caminho que favorece a todos. Novamente, as esperanças se renovam de que melhorias tão importantes para a infraestrutura logística, em especial a do setor portuário, responsável por movimentar grande parte da produção brasileira de fato se confirmem, para cumprir plenamente todo o seu potencial de alavancagem da economia do Espírito Santo e do Brasil.